Reflexões fenomenológicas sobre a vida a partir da experiência inesperada e catastrófica. Uma análise modal hegeliana do sacrifício de Ifigênia em Áulis

Resumen

Resumo

O presente escrito quer propor uma nova chave de leitura para compreender os estudos filosóficos das tragédias gregas realizados por Hegel na Fenomenologia do Espírito. Para isso se analisará as modulações da linguagem dialética hegeliana que expressam de diversos modos o conhecimento humano, através de experiências de fenômenos inesperados e catastróficos para as autoconsciências. Situações inesperadas que podem chegar a determinar-se ou não em desenlaces trágicos para as autoconsciências (Selbstbewußtsein). Hegel analisa modalmente e nas suas distintas configurações as personagens heroicas de Agamenon e Ifigênia, na sua interpretação da tragédia, Ifigênia em Áulis. Em um extremo da relação trágica está o rei de Argos e comandante supremo (Oberbefehl) da liga pan-helênica, Agamenon (Ἀγάμεμνον ἄναξ),

líder eleito pelos príncipes argivos para comandar o exército pan-helênico na guerra de Troia. No outro extremo da relação trágica está a jovem princesa Ifigênia, filha primogênita de Agamenon, e quem agirá de distintas maneiras conscientes de si, a fim de conservar sua vida, ou, finalmente, sacrificar-se na hora certa como heroína pan-helênica na guerra de Troia. Portanto, a proposta do presente estudo será expor o movimento dialético das autoconsciências heroicas no mito trágico dos Atridas. A consciência de Agamenon descobri o sentido oculto do oráculo de Calcas: entre ser um bom comandante militar (cumprir seu dever ético público de conduzir a guerra), ou ser um bom pai de família (cumprir seu dever ético privado familiar de preservar a vida de sua filha primogênita, Ifigênia). Dentro dessas escolhas paradoxais e catastróficas, Agamenon oscila entre estados opostos e mutáveis de alienação e autoconsciência –loucura e lucidez- especialmente quando ele encarna nas suas falas e ações posturas contraditórias, as vezes em favor do bem supremo: a coisa pública (das Gemeinwesen) grega, para assim comandar o exército pan- helênico e conquistarTroia. Por outro lado, as vezes a consciência deAgamenon oscila também em estados de loucura e lucidez mental, principalmente quando ele encarna as contradições de pai e cidadão, e prioriza a eticidade familiar Atrida por sobre a coisa pública (das Gemeinwesen) grega.

Abstract

This paper wants to propose a new access for read and understand the Hegelian philosophical studies about Greek tragedies in the Phenomenology of Spirit. For this, I will analyse the modulations in Hegelian dialectical language that expresses the diverse modes the human knowing, through experiences in unexpected and catastrophic phenomenon for the self-consciousness. Unexpectedsituationsmaydetermineornottheendingfortheself-consciousness (Selbstbewußtsein). Hegel analyses the diverse configurations in modal terms the heroic figures Agamemnon and Iphigenia in his interpretation of the Greek tragedy, Iphigenia in Aulis. In one extreme of the tragic clash relation is Agamemnon (Ἀγάμεμνον ἄναξ), king of Argos and also the supreme leader (Oberbefehl) elected for Greek princes to command the panhellenic army in the midst of the Trojan War. In the order extreme of the tragic clash relation is Iphigenia, young princess and firstborn child of Agamemnon, and she will act and react self-consciousness in different manners to keep her life or to accept heroically the sacrifice in the panhellenic trojan war. It is the proposal that will expose the dialectical movement of self-consciousness in the tragic myth of the Atridas. The consciousness of Agamemnon discovers the secret sense in

the Calca’s oracle: either would Agamemnon be a good commander or a good father. In the dramatic catastrophic and paradoxical choices, Agamemnon oscillates between states of alienation and self-consciousness - madness and lucidity - especially when he incarnates in his words and actions contradictory postures, sometimes in favour of a greatest good: the Greek res public (das Gemeinwesen) by commanding the panhellenic army to conquer Troy. On the other hand, sometimes Agamemnon’s consciousness also oscillates along the narrative between states of madness and states of mental lucidity, principally when he incarnates his own contradictions (father / citizen), by which he either prioritizes the family ethicality than the Greek res public (das Gemeinwesen).